terça-feira, 19 de abril de 2011

ROBERTO CARLOS FAZ 70 ANOS!!! PARABÉNS MEU REI !!!



Roberto Carlos completa hoje, 19 de abril, 70 anos. Maior vendedor de discos do país, rompeu a barreira de 100 milhões de cópias, com 64 álbuns nacionais (entre compactos, LPs e CDs) e 124 lançados no mercado internacional.

Desde a década de 1960, suas canções têm marcado a vida dos brasileiros. Detalhes e Eu te amo tanto são as preferidas do Rei. Hoje, certamente, não será um dia alegre para Roberto. Ele acaba de perder a primogênita, Ana Paula, de 47 anos, que morreu sábado, em São Paulo. Domingo, participou da missa de um ano da morte da mãe, Laura Moreira Braga.

Entretanto, esta terça-feira não será triste. Muito mais que 1 milhão de súditos estarão a postos para levar seu canto amigo ao Rei. E bem mais forte o país vai cantar.



Roberto Carlos imortalizou a canção Detalhes, composta em parceria com Erasmo. O que ele talvez não soubesse, quando lançou a música em 1971, é que, 40 anos depois, “detalhe” seria uma das palavras usadas para definir sua presença na cultura brasileira “Ele é muito mais que uma pessoa física. É uma obra, um fenômeno, uma fase da história. Ninguém jamais substituirá Roberto Carlos. O espaço que ele tem – e sempre terá – é consequência de muitos fatores. A vida humana é um mero detalhe”, garante Marcelo Fróes, autor do livro Jovem guarda, em ritmo de aventura (Editora 34).

Quem reforça a afirmação é Pedro Alexandre Sanches, jornalista e crítico musical, autor do livro Como 2 e 2 são 5 (Editora Boitempo), uma análise da trajetória do cantor. “Sem entrar no mérito da qualidade, é o artista mais importante da nossa história. Foi quem mais vendeu discos, mais recebeu adoração e que mais tempo conseguiu permanecer”. O jornalista lembra ainda que, ao longo dos últimos 50 anos, o Rei nunca saiu do primeiro plano da música brasileira. “Não existe outro exemplo de alguém que tenha essa durabilidade”, afirma Pedro Alexandre.

A que se deve tanto sucesso e longevidade artística? “É importante dizer que Roberto Carlos contribuiu para mudanças na música e no comportamento da sociedade brasileira. Isso não é pouco: mudar o rumo dos acontecimentos”, explica Paulo César Araújo, autor da biografia não autorizada Roberto Carlos em detalhes, retirada do comércio em razão de acordo judicial.

Para Paulo César, Roberto Carlos influenciou a música porque foi o primeiro grande ícone que não seguia os ritmos considerados estritamente nacionais. “Todos os grandes ídolos antes dele – Luiz Gonzaga, Carmen Miranda e Orlando Silva – cantavam estilos tipicamente nacionais”, explica Paulo César. “Quando ele fez o rock, o iê-iê-iê, isso teve impacto tão grande que as pessoas tiveram de se posicionar contra ou a favor”, avalia o biógrafo censurado.

No comportamento, a influência do cantor ia na contramão do conservadorismo. “Em meados dos anos 1960, ninguém chegava depois das 22h e namorado só pegava na mão. Em outras palavras, era ‘proibido fumar’”, diverte-se Paulo César. Ao chegar cantando “vivo incendiando bem contente e feliz/ nunca respeitando o aviso que diz/ que é proibido fumar”, Roberto promoveu um avanço nas relações entre homens e mulheres. Além de perder o medo de se relacionar com o mercado e com a sociedade de consumo.

“É mais fácil dizer o que Roberto Carlos fez pelo Brasil do que pela música. Ele não é o melhor compositor ou o maior cantor do mundo. Às vezes é quase mediano(obs: EU, CON, NÃO CONCORDO, para mim ele é o MELHOR!!!) mas o conjunto forma essa coisa retumbante”, afirma Pedro Alexandre Sanches. O jornalista acredita que essa força seja a identificação do Rei com o Brasil. “Ele não é bonito nem feio, nem alto nem baixo, nem genial nem medíocre. É o brasileiro médio, que fala com as pessoas”, define o jornalista. Isso faz dele esse ícone. “A maioria absoluta dos brasileiros, quando liga a TV no especial de fim de ano e dá de cara com ele, fica, no mínimo, com vontade de se emocionar, porque ele é a história da nossa vida”, afirma Pedro Alexandre.

Sertanejo

Roberto Carlos está em todos os lugares. Pelos motivos que fazem dele o maior artista brasileiro de todos os tempos, é difícil perceber onde está o legado do Rei. “Toda composição popular, sertaneja ou romântica, tem influência de Roberto Carlos”, afirma Paulo César Araújo. O pesquisador diz que se não fosse Roberto e a jovem guarda não teria sertanejo como Zezé di Camargo e Luciano, nem brega como Odair José. “Percebo a influência dele até no jeito da Marisa Monte cantar. O próprio Caetano Veloso disse que sem Roberto o tropicalismo não teria acontecido”, diz Paulo César. “É como João Gilberto. Não é cópia, mas são influências que estão no inconsciente coletivo. Às vezes o cantor nem percebe, mas cresceu ouvindo aquilo, ficou assimilado e isso chega na hora de gravar”, conclui.

Como consequência dessa presença constante da obra de Roberto Carlos no cotidiano dos brasileiros, os cantores que vieram depois sofrem de uma característica que Pedro Alexandres Sanches chama de “angústia da influência”, aproveitando conceito do crítico literário americano Harold Bloom. “Quando vem alguém muito forte, ofusca tudo ao redor. Os outros ficam impotentes. Qualquer um que chegar no cenário romântico chega sabendo que existe Roberto Carlos”, conclui Pedro Alexandre.



Canções de Roberto Carlos ainda fazem a cabeça da nova geração

James Lima estava na escola, em sua cidade natal, Teresina (PI), quando percebeu que não poderia mais esconder a avassaladora paixão pela qual havia sido tomado. A colega que tinha conquistado seu coração precisava saber do sentimento e James não poderia mais esperar. Por ser pouco experiente com as mulheres – só tinha 6 anos –, recorreu à música para se declarar. “Juro que não consigo lembrar qual era, mas a letra dizia o que eu precisava”, afirma James. Ele só recorda de quem era a canção. A declaração não funcionou, porém, James descobriu Roberto Carlos.

Ao contrário de muitos, não teve influência de pais ou tias histéricas. Foi ele quem pediu à mãe para comprar CDs do Rei. Sim, CDs. James nasceu em 1995 e descobriu o cantor em 2001, quando LP já era algo bem ultrapassado. Para compartilhar a admiração pelo artista, em vez de abrir um fã-clube, criou um blog. Inaugurado em fevereiro de 2006, o www.robertocarlosbraga.com.br está no ar desde então e funciona como uma central superatualizada de notícias sobre o Rei. Foi ainda a ferramenta de James para estabelecer contato com outras centenas de jovens fãs pelo Brasil. Três deles em especial viraram amigos próximos e agora o ajudam a atualizar o blog. São eles o paulistano Rafael Avena, de 23 anos, Pedro Mülbersted, de 20, de Florianópolis, e a mineira Ana Luiza Machado, moradora de Belo Horizonte de 19 anos.

Ninguém discute a popularidade do Rei e seus milhões de discos vendidos. Tampouco o fato de ser o maior ídolo da história da música brasileira. Mas a pergunta que fica é: o que faz jovens nascidos na década de 1990 se identificarem com o cara que falava com a juventude da década de 60? “Ele não é o maior artista do Brasil. É o maior do mundo”, defende James. “Nunca ninguém conseguiu ter todas as qualidades que ele reúne. É bom cantor, bom compositor, simples, humilde e ajuda as pessoas”, garante o fã. “Ele fez parte de um momento em que houve revolução cultural entre jovens do mundo todo. Sem dúvida que não representa os jovens de hoje, mas, quando pensamos nele agora, pensamos em amor e paz, que é um exemplo melhor ainda”, afirma o piauense.

Já a mineira explica a idolatria com argumentos menos racionais. “Não saberia dizer por que sou fã. Você tem de ir a um show dele para entender. É maravilhoso sentir aquela magia e aquele povo todo cantando”, diz Ana Luiza. Ambos reconhecem no Rei algo que veem pouco em outros artistas: simplicidade.

Independentemente do que represente para a juventude, fã que é fã, novo ou velho, não consegue escolher um disco ou fase preferida do ídolo. “Tem dias que quero ouvir rock, outros que prefiro as mais românticas, mas para todo dia tem uma música dele que me preenche”, conta James, que ainda indica músicas para amigos, de acordo com estado de espírito. Para os que se separaram da namorada, a indicação é Vê se volta pra mim. “É a melhor para dor de cotovelo”, brinca.

Pedro, Ana, Rafael e James são um caso à parte. Viajam atrás do Rei, vão a exposições, shows e ficam até altas horas da madrugada conversando sobre Roberto Carlos via MSN. Existem os menos fanáticos, mas também adoradores. Uma delas é Glaucia Peres, paulistana de 24 anos que já perdeu as contas de quantos shows viu. “Pelo menos uns 10”, garante.

Covers

Imitadores de Roberto Carlos por todo o país é o que não falta. Em Minas, Wilmar Braga exerce a função há 17 anos. Tornou-se imitador do artista por várias razões. A primeira, pelo fato de ser fã. Depois, porque a primeira música que aprendeu a tocar no violão, aos 9 anos, foi Como é grande o meu amor por você. Por fim, ao cantar no conjunto Céu Aberto optou por colocar 15 músicas do Rei no repertório. Vendo isso, um amigo sugeriu que mexesse no cabelo para ficar parecido e atacasse de Roberto Carlos. Deu certo. O cabeleireiro é o mesmo até hoje. “Se Roberto raspar a cabeça, faço o mesmo”, garante Wilmar. Os shows do cover custam de R$ 5 mil a R$ 40 mil. O original, de acordo com o imitador, chega a R$ 1,2 milhão.

Menos parecida no visual, mas semelhante no repertório, a Banda Del Rey lota shows do circuito underground com músicas da Jovem Guarda. É formada por quatro integrantes do grupo pernambucano Mombojó e por China, ex-vocalista do Sheik Tosado, agora em carreira solo. Na ativa desde 2003, os cachês do Del Rey foram responsáveis por boa parte da grana que possibilitou a gravação do último disco do Mombojó.

Carreira de Roberto Carlos passou por seis grandes fases


Jovem Guarda

Versão brasileira dos primórdios do rock, ainda nos anos 1960. Roberto foi a estrela do movimento, que teve programa de televisão do qual participavam, entre outros, Erasmo Carlos, Wanderléa, Jerry Adriani, Rosemary, Martinha e Walderley Cardoso. Se Roberto era o Rei, o rival Ronnie Von era o Príncipe. O movimento teve repercussão em outras áreas da cultura, como as artes plásticas e o cinema. A canção-chave era Quero que vá tudo pro inferno, que Roberto baniu recentemente de seu repertório.

Black Music

No início dos anos 1970, Roberto Carlos dá uma virada do rock em direção ao soul. É a fase de muitas obras-primas do compositor, como As curvas da estrada de Santos, Se você pensa e Jesus Cristo. O cantor mostra influências que vão do gospel a James Brown e Ray Charles. Os arranjos incorporam metais e o artista vence o preconceito por parte dos músicos da MPB, que começam a gravar suas canções e reconhecer sua importância.

Romantismo

Chegando aos 30 anos, Roberto Carlos passa a se dirigir a público mais maduro, privilegiando as baladas e trazendo novos compositores para seu repertório. O romantismo, além da tradicional dor de cotovelo, tem tom mais realista, com histórias que fazem parte da vida do brasileiro comum. Os grandes ícones da fase são Detalhes e Outra vez, de Isolda.

Erotismo

Ainda na década de 1970, o cantor vai apimentar seu romantismo com uma carga de sensualidade. Há uma ousadia que vai abrir flanco para compositores mais populares, como Odair José. A música que define esse momento é Proposta. O período foi também chamado de "fase do motel". Ninguém escapou do erotismo pop do Rei e até Maria Bethânia gravou versão de Cavalgada.

Gordinhas

O tempo passa e Roberto Carlos não perde público. Com a qualidade das canções caindo pelas tabelas, o compositor começa a homenagear novos personagens, como caminhoneiros, gordinhas e baixinhas. O artista passa a apostar cada vez mais em shows, que se tornam grandes espetáculos que viajam em turnê pelo país.




Relembre a vida do Rei em detalhes


1941
19 de abril, nasce em Cachoeiro de Itapemirim, Espírito Santo, Roberto Carlos Braga. Filho do relojoeiro Robertino e da costureira Laura, irmão de Lauro Roberto, Carlos Alberto e Norma.



1950
Ainda em Cachoeiro, aos 9 anos, ganha um prêmio em balas por cantar o tango Amor y más amor

1955
Muda-se para um subúrbio de Niterói (RJ). Participa do show de calouros A hora do pato, na Rádio Nacional, e conhece Tim Maia e Erasmo Carlos, com quem viria a formar o grupo Sputniks, do qual foi expulso por Tim
Maia (de acordo com Carlos Imperial).

1959
Lança o primeiro disco, em 78 rotações, com João e Maria e Fora do tom, pela Polydor, em estilo bossa nova, imitando João Gilberto.

1960
Fecha contrato com a CBS, que seria sua gravadora por quase toda carreira, e lança Canção do amor nenhum e Brotinho sem juízo

1961
Gravação do primeiro LP, Louco por você

1965
Começa a apresentar o programa Jovem guarda, que fica no ar até 1968. Faz as meninas desmaiarem e rapazes imitarem seu visual. Vende produtos e estrela filmes.

1968
Casa-se com Cleonice Rossi Martinelli, a Nice, e se torna pai de Roberto Carlos Braga II. Vence o festival italiano de San Remo e conquista fama internacional. Estreia do filme Roberto Carlos em ritmo de aventura.

1971
Lança Detalhes, um de seus maiores sucessos. Nasce a segunda filha, Luciana.

1978
Lança a música Café da manhã no disco que venderia 2 milhões de cópias, mais que Chico Buarque, Milton Nascimento, Gal Costa, Maria Bethânia e Caetano Veloso juntos. Separa-se de Nice

1980
Com a morte do pai, passa a evitar a superexposição. Começa o relacionamento com a atriz Myrian Rios.

1981
Compõe e lança Emoções. Palavra e música chave de toda a sua carreira.

1985
Grava Verde e amarelo, primeira canção política de sua carreira, feita para celebrar a Nova República.

1986
A música Apocalipse bate recorde histórico nas rádios brasileiras. É tocada 3.608 vezes em um único dia. Marca a ligação do Rei com os temas religiosos.

1989
Vence o Grammy de melhor intérprete da música pop latina.

1990
Termina o casamento com Myrian Rios. Roberto assume a paternidade de Rafael, filho que teve com uma fã mineira.

1992
Vai morar com Maria Rita, que se tornaria tema de muitas canções, com quem se casa em 1995.

1999
Em 19 de dezembro, morre Maria Rita, de câncer, aos 38 anos. Pela primeira vez na carreira, Roberto Carlos fica quase um ano sem fazer shows.

2000
Lança seu Amor sem limite, dedicado à última esposa. As músicas ficam no topo das paradas.

2004
Começa tratamento de TOC (transtorno obsessivo compulsivo). Início do projeto Emoções pra sempre em alto-mar.

2007
Torna-se o primeiro cantor latino-americano a atingir a marca de 100 milhões de discos vendidos em todo o mundo. Acordo judicial interrompe a comercialização de sua biografia não autorizada.

2010
Termina a década com apenas 15 trabalhos lançados, contra a grande quantidade das décadas anteriores, sendo o auge a década de 1970. Grava o especial para a televisão em Copacabana, com a presença de 700 mil pessoas.

2011
Em março, é tema do desfile da escola de samba carioca Beija-Flor, vencedora do grupo especial.



Fonte: Diário de Pernambuco



Um comentário:

Carmen Augusta disse...

Que beleza minha amadinha!

Parabéns!

Beijos da madrinha,
Carmen Augusta